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A Epilepsia é um distúrbio na parte elétrica do cérebro, onde ocorre um desbalanço nos processos excitatório e inibitório da transmissão sináptica, ou seja, um determinado circuito neuronal causa aumento da atividade elétrica, redução da atividade inibitória ou ambos.
É uma síndrome neurológica comum, com alta prevalência mundial, estimada em 2% da população mundial. Crises de Epilepsia podem ser provocadas por qualquer condição que afete o córtex cerebral. Pode ser consequência de anomalias congênitas, infecções, tumores, doenças vasculares, doenças degenerativas ou lesões traumáticas. No entanto, em um número expressivo destes pacientes, nenhuma anormalidade é detectada nos métodos diagnósticos ora disponíveis.
Em nosso país, são causas prevalentes de crises de Epilepsia, a neurocisticercose, o traumatismo crânio-encefálico e a convulsão febril da infância.
Apesar de muitas drogas anti-antiepileticas conseguirem controlar as crises convulsivas, um terço dos pacientes são considerados farmacoresistentes e não conseguem atingir o controle das crises mesmo após uso de duas ou mais DAES (Drogas Anti- Epilépticas) adequadamente prescritas, as chamadas eplepsias refratárias.
Esta refratariedade de uma parcela significativa de pacientes portadores de epilepsia às terapêuticas farmacológicas habituais torna necessária a busca por alternativas mais eficazes e a Medicina Canabinóide com o uso dos fitocanabinóides CBD e THC tem demonstrado eficácia notável nestes casos de epilepsia refratária.
A Demência de Alzheimer (DA) é a doença neurodegenerativa mais prevalente do mundo e a principal causa de dependência funcional, institucionalização e morte entre a população idosa do nosso país. Representa um forte impacto físico, psíquico, social e econômico, não apenas sobre os pacientes, mas também sobre seus cuidadores, familiares e a sociedade em geral.
Os principais sintomas são deterioração da memória, pensamento, comportamento e da capacidade funcional em realizar atividades cotidianas.
As demências estão diretamente relacionadas à idade e com o envelhecimento progressivo da população no mundo, estima-se que em 2050, o número de pessoas vivendo com demência pode triplicar, de 47 para 132 milhões, com custos associados aumentando para 3 trilhões de dólares/ano.
Os fitocanabinoides, CBD e THC e os endocanabinoides anandamida e 2-AG, atuam nos receptores endocanabinoides clássicos CB1 e CB2 demonstrando um impacto terapêutico significativo ao atenuar a neuroinflamação e o estresse oxidativo, bem como promover neuroproteção e atenuar os sintomas de dor, agitação psicomotora e transtornos do sono em pacientes com Alzheimer além da capacidade fantástica dos fitocanabinóides em ser neurogênicos (formar novos neurônios sadios) e neuroplásticos (melhorar a qualidade dos neurônios comprometidos).
Doses baixas a intermediárias e até microdoses diárias do fitocanabinóide THC têm demonstrado bom controle da diversidade e complexidade de sintomas desses pacientes, principalmente nos aspectos de agitação psicomotora, apatia, insônia, dificuldades na marcha e na deglutição, redução do apetite e constipação intestinal.
Pacientes com perfil de risco para uso de THC ou com histórico de hipersensibilidade a essa substância mesmo em pequenas quantidades, bons resultados podem ser alcançados com doses intermediárias do fitocanabinóide CBD .
Hoje em dia é uma palavra familiar, e quase todos sabem de alguém que sofre da doença. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que há 70 milhões de pessoas com autismo em todo o mundo, sendo 2 milhões somente no Brasil. Estima-se que uma em cada 88 crianças apresenta traços de autismo, com prevalência cinco vezes maior em meninos.
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) corresponde a um conjunto de alterações do neurodesenvolvimento, que começa na primeira infância. Apresenta origens etiológicas diversas e múltiplas formas de apresentação clínica. O diagnóstico é definido por um padrão de comportamentos, caracterizado por: prejuízo importante e persistente na comunicação e interação social, padrão comportamental restrito, repetitivo e por vezes, estereotipado e alterações da percepção sensorial, com hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais. Embora algumas das pessoas com TEA consigam viver de forma relativamente independente, muitas apresentam graves incapacidades e necessitam de cuidados de terceiros ao longo de toda a vida.
Diversos estudos clínicos demonstram as propriedades neuro antiinflamatórias, neuroantioxidantes e neuroprotetoras dos fitocanabinoides.
O fitocanabinóide CDB demonstra efeitos ansiolíticos, antipsicóticos, antivconvulsivantes e propriedades neuroprotetoras nos pacientes autistas.
Existe embasamento teórico científico para entender porque uma série de estudos observacionais, relataram bons resultados com o uso de derivados canabinoides na abordagem terapêutica de crianças com TEA.
A modulação do sistema endocanabinoide demonstra ser uma promissora via de efeitos terapêuticos para pacientes autistas, podendo trazer melhora nos sintomas de agitação psicomotora, agressividade, alterações sensoriais e déficits sociais.
As descobertas até o momento indicam que o sistema endocanabinoide desempenha um papel fundamental no TEA e pode ser a chave para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas mais seguras e eficazes.
A terapêutica baseada em canabinoides parece ser uma opção bem tolerada, segura e eficaz para aliviar os sintomas associados ao TEA. Formulações de cannabis predominantes em CDB foram capazes, em sua maioria, de reduzir múltiplos sintomas como auto-agressividade, hiperatividade e distúrbios do sono, melhorando a qualidade de vida tanto dos pacientes, quanto dos cuidadores.
Muitos pais têm muitas expectativas quanto aos potenciais terapêuticos da Cannabis no manejo terapêutico do Autismo mas é de fundamental importância alinhar expectativas com os pais e reforçar que o tratamento mais importante do TEA são as terapias de intervenção multidisciplinares como a fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicomotricidade relacional, orientação nutricional, musicoterapia, arteterapia, equoterapia, dentre outras
A insônia caracteriza-se por dificuldades em iniciar ou manter o sono, apesar de oportunidade e circunstâncias adequadas para dormir, com consequências diurnas como deficiências funcionais, que ocorrem em uma média de três vezes por semana, por um período mínimo de 3 meses. Pode ser considerada um problema de saúde pública.
Entre um terço e metade da população adulta relata ter sintomas de insônia em algum momento das suas vidas.
A Insônia é um fator de risco para suicídio e desenvolvimento de transtornos mentais como ansiedade, depressão, transtorno bipolar afetivo e abuso de substâncias químicas. Também é um fator de risco para desenvolvimento de doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo II, asma e doença do refluxo gastroesofágico, além de apresentar forte impacto na qualidade de vida pessoal e profissional, estando associada à redução da concentração e dificuldade em executar tarefas.
De fato, pesquisas recentes demonstraram que o tipo de canabinoide (THC, CBD e CBN), a proporção de canabinoides, a dosagem, o tempo e a via de administração podem afetar diretamente a qualidade do sono e os sintomas de insônia.
Algumas pesquisas sugerem que o CBD pode impactar a qualidade do sono através dos seus efeitos ansiolíticos. O CBD em baixas doses apresenta efeitos estimulantes, enquanto que, em altas doses apresenta efeitos sedativos. Em um estudo que avaliou pacientes com insônia, os resultados sugeriram que a administração de CBD aumentou o tempo total de sono e diminuíram a freqüência dos despertares noturnos, enquanto que doses baixas de CBD foram associadas ao aumento do estado de vigília.
O papel do sistema endocanabinoide na regulamentação do ciclo sono-vigília demonstra a forte conexão teórica entre sistema endocanabinoide, derivados canabinoides e o sono
A doença inflamatória intestinal (DII) é uma doença complexa e multifatorial do trato gastrointestinal dividida em duas apresentações clínicas predominantes: Doença de Crohn (DC) e Retocolite Ulcerativa (RCU).
A DII é caracterizada pela inflamação crônica do trato gastrointestinal causando sintomas como dor abdominal, diarréia sanguinolenta e perda de peso, e quando acomete crianças, pode determinar falha de crescimento, prejuízo à mineralização óssea e atraso puberal.
Gera um forte impacto negativo na qualidade de vida das pessoas afetadas, expondo-as também, a maior risco de cirurgias abdominais e câncer.
Com uma incidência anual de 3 a 20 casos por 100.000 habitantes, a DII é um dos distúrbios gastrointestinais mais prevalentes.
Entre as principais causas temos fatores genéticos, raciais (é muito comum entre judeus), estresse, dieta rica em açúcares e gorduras, consumo reduzido de fibras e vitaminas.
No trato gastrointestinal, o SEC (Sistema endocanabinóide) tem um importante papel na regulação periférica da dor visceral, náuseas e vômitos, motilidade intestinal, permeabilidade da parede intestinal e resposta inflamatória.
Estudos referem que a Cannabis pode trazer alívio sintomático na DII, melhorando o apetite, estimulando o ganho de peso, reduzindo a dor abdominal, diminuindo a motilidade intestinal e a resposta inflamatória. Os fitocanabinoides, ao ativarem o SEC, podem modular essas respostas.
Estudos pré-clínicos em animais de colite comprovam o potencial anti-inflamatório dos derivados canabinoides nesse contexto.
Os fitocanabinóides CBD e THC e os terpenos limoneno e beta-cariofileno também demonstraram efeitos antiinflamatórios significativos em estudos sobre a colite por seus efeitos protetores sobre a barreira epitelial sugerindo um papel benéfico desses terpenos na redução da inflamação das colites crônicas.
Dor crônica é o principal motivo pelo qual uma pessoa procura assistência médica e também, a principal causa de incapacidade no mundo. Em média 20% da população mundial é portadora de dor crônica e a tendência é aumentar esse número com o envelhecimento progressivo da população.
As Dores crônicas principalmente as neuropáticas, a fibromialgia e a enxaquecas são os principais motivos pelos quais os pacientes procuram tratamento com Cannabis medicinal. Pacientes com dor crônica que fazem uso regular de cannabis medicinal geralmente referem alívio não só do quadro da dor, mas também, observam melhoras no padrão do humor, apetite e sono. Por isso, temos tantos estudos observacionais que demonstram que os canabinoides impactam positivamente a qualidade de vida de pacientes portadores de dores crônicas.
Geralmente associadas a outras doenças crônicas, como doenças degenerativas da coluna e das grandes articulações e doenças reumatológicas e frequentemente associada a transtornos do sono e do humor, restrições da mobilidade e das atividades da vida diária, uso de múltiplos medicamentos, abuso e dependência de analgésicos, o que significa um impacto brutal na qualidade de vida das pessoas e na sociedade como um todo. Esses processos frequentemente se misturam, amplificam e complicam a abordagem da dor crônica.
A pele é o maior órgão do corpo humano, apresenta uma complexa estrutura de funções neuro-imuno-endocrinas, que contribui para a homeostase corporal e fornece a primeira linha de defesa contra lesões e infecções.
Nos últimos anos, tornou-se evidente que o sistema endocanabinoide (SEC) desempenha um papel relevante na manutenção da pele saudável .
O descontrole do SEC tem sido associada a múltiplos distúrbios dermatológicos, como dermatite atópica, psoríase, esclerodermia, hirsurtismo, alopécia, acne, seborreia, câncer de pele, bem como, a alterações no processo de cicatrização de feridas.
Uma das aplicações mais importantes dos derivados canabinoides é no tratamento de feridas crônicas que é definida como qualquer ferida que não procede os estágios fisiológicos regulares de cicatrização de maneira ordenada. Representam um problema de saúde pública e um alto custo social, as mais comuns são as úlceras varicosas, úlceras diabéticas e úlceras de pressão e, mesmo com todas as estratégias terapêuticas de cuidados hoje disponíveis, as taxas de cicatrização de feridas crônicas são inferiores a 40%.
Os canabinoides demonstram reduzir o processo inflamatório e a angiogênese, apoiando o potencial terapêutico dos derivados canabinoides na psoríase .
Estudos comprovam que os fitocanabinóides são atraentes para as doenças caracterizadas por fibrose difusa da pele, como a esclerodermia.
Diferentes trabalhos relataram a expressão de receptores endocanabinoides CB1 e CB2 em células neoplásicas de melanoma.
Os receptores endocanabinoides podem estar envolvidos na inflamação induzida por UVB (raios ultravioleta B) e no processo de carcinogênese da pele, demonstrando o potencial da modulação do SEC para inibir a progressão do câncer de pele .
Dados pré-clínicos evidenciam a capacidade dos derivados canabinoides em modular os principais mecanismos moleculares envolvidos no processo de cicatrização de feridas, demonstrando importante potencial terapêutico no tratamento de feridas cutâneas, tanto agudas, quanto crônicas.
O CDB apresenta potencial para tratar feridas crônicas, através de suas propriedades anti-inflamatórias.
O THC é capaz de atenuar a resposta enxerto/ hospedeiro e retardar a rejeição do enxerto de pele.
O uso de canabinoides tópicos para tratamentos de feridas minimiza a possibilidade de efeitos adversos, pois a maioria das formulações tópicas à base de derivados canabinoides apresenta absorção sistêmica pouco significayiva.
Estudos sugerem que os derivados canabinoides representam grande promessa de tratamento de diferentes subtipos de feridas classicamente difíceis de tratar e recalcitrantes.
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